domingo, 19 de junho de 2011

SIM à Filosofia!



Entendo que muitas pessoas não vejam com bons olhos a Filosofia, mas para tal, deve existir algum fundamento concreto. Não é sensato julgar algo que se desconhece, ou quando são desconhecidas as suas causas, consequências ou reais propósitos.
Na realidade cada um vê as coisas como se é, e não, na verdade como as coisas são.
Caímos na Teoria da Contingência: "Tudo depende"... Tudo depende de como nos sentimos, de como pensamos, de como agimos, das ideias que defendemos, das razões que alimentamos, das convicções que acreditamos.... enfim... depende de nosso mundo interior.
Mas é inegável que a Filosofia esteja em tudo. Pensar é um ato filosófico, agir também; escrever, ler, ficar introspectivo, refletir, falar, o estilo próprio, as músicas que se gosta... tudo é permeado pela filosofia... nossas próprias filosofias...
Então, por que, a maioria das pessoas são resistentes quando falamos em Filosofia num aspecto mais "Profundo"?
A Resposta: As pessoas têm medo de assumi-la, pois muitos que assumiram sempre sofreram muitas críticas, e ainda sofrem. São tidos como loucos, insanos, rebeldes...
... Mas será que essa maneira de enxergar não seja devido à alguma frustração própria? A frustração de não saber pensar por si, de se condicionar ao Senso Comum, e restringir-se da liberdade?
Acredito que uma das maiores virtudes de uma pessoa é saber ao menos, tentar avistar "o outro", e não apenas limitar-se à sua própria opinião, sua convicção. O ser humano deve buscar evoluir, e não há maneiras de crescer prendendo-se ao endeusamento, ao egocentrismo.
É preciso diferenciar o que é "ter princípios", de "ter convicções".
Princípios são valores os quais defendemos, achamos corretos, justos, honestos; já as convicções, são pontos de vista que tornam-nos pessoas fechadas aos pensamentos, e impedem-nos de quebrar paradigmas, avistar novos horizontes, outras ideias.
Uma das maiores tristezas, é uma pessoa auto-suficiente, presa à si o tempo todo, encurralada no seu mundo superficial e irreal. Irreal sim, pois ninguém pode "olhar para o próprio nariz ou umbigo" o tempo todo. E infelizmente existe muito disso.
É sensato pensar, refletir sobre as coisas de uma maneira mais profunda. É fácil "cair no automático", tomar as verdades alheias como as suas próprias verdades sem ter que pensar. As pessoas costumam "julgar o livro pela capa", e quando vêem, pegaram um atalho que se tivessem analisado antes, não teriam perdido tempo, e sim, o teriam ganhado.
A Filosofia não consiste em descobrir a Verdade, pois ela sempre será Relativa. ("Não existem fatos eternos, como não há verdades absolutas" - Nietzsche). O principal fundamento desta, é incutir o desejo ao homem de ser mais sensato, fazendo-o pensar com mais cuidado sobre si, seus atos, seus pontos de vista, suas ideias, sua vida. Não existe uma única Filosofia, ou regras para se viver, mas há uma grande responsabilidade em assumir os pensamentos, isso ninguém pode desconsiderar. O pensamento exerce um grande poder, mais ainda do que palavras mencionadas.
Fico triste e ao mesmo tempo indignada com a banalização da Sociologia, Filosofia, e outras disciplinas que possuem o mesmo propósito (fazer pensar, refletir), serem banalizadas nas escolas, instituições, mas principalmente, banalizada pela "massa". Essas pessoas não podem avistar a ideologia de quem as influencia de tal maneira. Quando o "poder" impera? Quando há submissão de uma grande maioria que se cala, se adequa ou toma aquela verdade de submissão para si. Os indivíduos que estão numa escala "mais alta" da sociedade, e que detém o poder de decisão, querem "nada mais nada menos" do que "alienados" abaixo de si. É muito mais fácil controlar, manipular, impôr, persuadir, pessoas que não pensam por si mesma, e não buscam seus direitos, não lutam por justiça, por igualdade. Estas, não percebem sua auto-condenação, e isso é algo tão gritante que me incomoda, ao ponto de ser tachada como imoral.
Eu não dou lado às críticas. Acredito que elas são importantes, são "medidores do meu eu". Sábia frase de Confúcio: "Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo."
Vejo os valores "se escorrerem pelo ralo", e o homem, tão suscetível à tolice de deixar de pensar.
É mais plausível no mundo de hoje, o combate pela força violenta, do que pela capacidade intelectual.
Poucos que pensam, logo, uma minoria considerada vã, com pensamentos frívolos.

Eu não posso mudar o mundo, mas o importante é que sempre posso refletir acerca do que sou. E isso já é um grande passo!


Abaixo vou transcrever um trecho da obra de Bertrand Russell, espero que gostem:


" (...) Assim, resumindo a nossa discussão sobre o valor da filosofia, a filosofia deve ser estudada, não por causa de quaisquer respostas exactas às suas questões, uma vez que, em regra, não é possível saber que alguma resposta exacta é verdadeira, mas antes por causa das próprias questões; porque estas questões alargam a nossa concepção do que é possível, enriquecem a nossa imaginação intelectual e diminuem a certeza dogmática que fecha a mente à especulação; mas acima de tudo porque, devido à grandeza do universo que a filosofia contempla, a mente também se eleva e se torna capaz da união com o universo que constitui o seu mais alto bem."


(Bertrand Russell, Os Problemas da Filosofia, Oxford University Press, Oxford, 2001, pp. 89-94.) 
-Tradução de Álvaro Nunes-






[Texto por: Najla Tirabassi]



3 comentários:

  1. Filosofia suscita antes de tudo autoconhecimento e isso dá trabalho, Najla, precisa-se de coragem para encarar a si mesmo e aceitar as próprias limitações, "culpas", fraquezas, "tamanho", visto que somos humanos e não deuses. Precisa-se de coragem para acender a luz e descobrir-se tal qual é, dentro do quarto escuro do próprio ego, única forma de crescimento espiritual, pois é somente conhecendo o nosso "eu menor", que podemos nos desvencilhar do que nos torna densos e vislumbrar o nosso Eu Maior e SER.

    Admiro você, Najla, muito!
    Avante!

    Isabel Pakes

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  2. Com certeza é difícil encarar tudo isso, Isabel. Mas acredito que o primeiro e grande passo é reconhecer todas essas as coisas, pois ainda (por incrível que pareça)existem pessoas tão presas aos seus paradigmas e ao seu endeusamento tolo, que se vêem perfeitas e imponentes no seu espelho cego da vida.
    O nosso "ego" é um labirinto de convicções, e as convicções são imensamente perigosas. Cautela com nós mesmos nunca será algo descartado.
    O que nos diferencia uns dos outros é a capacidade de incutir força ao pensamento para prosseguir sempre buscando primeiramente o melhor de si, sem querer receber nada em troca. A maior virtude de um ser humano é reconhecer a sua pequenez, mas ao mesmo tempo, ser forte para enfrentar os obstáculos e sempre enxergar ao próximo, dissipando o egoísmo e suas amarras, que nos reduzem ainda mais do que já somos, e o pior: nos induz à ideologias más, à tão curto prazo.

    Agradeço pelo seu carinho. Obrigada por sempre acompanhar ou comentar meus textos. Eu não me regozijo de minhas palavras, mas acredito que todas pessoas, sem exceção podem nos ensinar muitas coisas.
    E eu aprendo muito contigo!

    Beijos,
    Najla.

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  3. O que será que seu autor foi buscar na filosofia?...

    kisses in the heart

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