terça-feira, 1 de março de 2011

"Progresso" Retrógrado


Se fôssemos analisar a escala de progresso do homem numa linha paralela ao tempo, certamente entraríamos em contradição:
Alguns homens tenderam mais a tornarem-se retrógrados, pois adquiriram uma errônea inconsciência de que se é superior à outrem.
Todo o esforço da civilização pelo conhecimento e todas as descobertas nunca eximirão o homem de sua própria ignorância.
Progredir é sinônimo de saber que quanto mais se sabe, na verdade, ainda nada se sabe, comparado ao Universo desvendável que se avista por aí.
O progresso consiste em cada vez tornar-se mais humano, e assumir que a essência interdepende-se da consciência de pequenez a qual somos constituídos.
É inegável que somos ínfimos e fracos.
O homem, com o tempo adquiriu muitas armas para subsidiar a sua inteligência, mas ainda assim, briga pelo poder, pelo dinheiro, pela suposta "justiça" inadiável, mas não consegue perceber que a verdadeira inteligência é ser livre e viver em paz.
Uma grande prova de que homem regride, é que matando, destruindo vidas, ateando fogo em suas guerras, é que ele mesmo sendo considerado tão inteligente, retrocede aos seus princípios primitivos de sobrevivência. E não usa de sua racionalidade para descobrir a fórmula do bem.

(Naná)

7 comentários:

  1. (O titulo “A cultura da performance” pode ser abordado de vários ângulos diferentes [pelo trabalho, ciência, politica, relações humanas, subjetivismo, etc.], aqui a exposição privilegia o lado social-técnico que vai de encontro com algumas reflexões propostas em “Janelas de pensamentos”, por isso gostaria de qualificar e ampliar melhor os pensamentos dados e, investigar o que esta por trás disso, já que os textos estão um pouco vagos. Mas, antes, fazendo uma ressalva; pois com muita frequência vê enunciados (em todos os blogs) do tipo: “tudo depende de nós”, “esperamos demais de outras pessoas e, nos cobramos de menos”, quem ira pensar por nós se se não nós”, é preciso “recomeçar”, do sujeito que cobra a si mesmo e seu corpo por mais eficiência, devido este ultimo não corresponder as exigências do primeiro e, do primeiro não conseguir adaptar-se as limitações do segundo, com efeito, se culpa pela ineficiência a não alcançar seu “ideal’, deixando então a própria pessoa numa incerteza constante quanto a sua criação, autoformação, auto-afirmação e diferenciação de ser/existir. Em resumo, não estaríamos exigindo um demasiado desempenho de si mesmo e cultuando demais o tipo “faça você mesmo” a qualquer custo – ainda que o “dane-se!” esteja ligado?... No entanto não irei me alongar mais, isso já estaria fugindo dos meus propósitos aqui...)

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  2. Cultura da performance: As maquinas e os homens
    Homens constroem maquinas, maquinas superam os homens, homens querem fazer de seu corpo maquinas perfeitas.
    Dizem os mitos antigos que os homens estariam originalmente nus e, só teria conseguido se salvar por meio da sua inteligência “técnica”. A técnica, portanto, estaria tão agregado ao homem que sem ela ele dificilmente teria sobrevivido.
    “segundo o mito platônico de Protágoras, na época da criação do mundo, os deuses encarregaram Epimeteu a atribuir a cada uma das espécies animais, suas qualidades apropriadas; a alguns ele deu a força sem velocidade, a outros a velocidades sem força e, todos os meios necessários a sua sobrevivência. Prometeu vindo examinar o trabalho de seu irmão, ficou surpreso de constatar que este se esqueceu de prover a raça humana. O homem estava nu, sem calçados, sem nada para se cobrir e sem armas. Então, Prometeu não sabendo o que fazer, rouba de Éfeso de Atenas, o fogo e o conhecimento técnico e, entrega ao homem para lhe permitir a sobrevivência.”
    O homem, então, se torna o “homo Faber”, quer dizer, homem fabricante, coisa que nenhum outro animal o será. Ele ira fabricar ferramentas, aparelhos, maquinas para ajudá-lo; mas, as grandes questões agora serão: até que ponto esses objetos que ele cria, vão se tornar com o tempo uma ameaça para ele próprio? Em que medida o homem não estaria abrindo mão do que lhe é próprio, para ele querer ele também se transformar em uma maquina? Será que estamos caminhando para uma realidade em que seremos escravos das maquinas que criamos?
    (MUSICA: Chico Buarque - Linha de Montagem
    http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/linha-de-montagem.html)
    Toda vez que falamos dos homens e das maquinas que eles criam, surge necessariamente a duvida: será que o desenvolvimento incontrolável das técnicas não traz consigo o risco de essa se voltar os próprios criadores (perceba a sutileza do pensamento), atuando como um Frankenstein, ou como aquela historia do “aprendiz de feiticeiro”:
    “Aprendiz de feiticeiro, é um personagem citado no celebre poema de Goethe, personagem esse que, desencadeia acontecimentos os quais depois não é capaz de deter. Já Frankenstein, é o herói e o titulo do livro de Mary Shelley, que conta historia de um cientista que constrói um homem artificial com parte de cadáveres de outras pessoas; o monstro, potente e consciente, sofre do medo que ele próprio inspira, assim como da necessidade de amor, sentimento que é incapaz de sentir. É um ser maldito, condenado a solidão por sua própria essência e, que se vinga da raça humana destruindo os próximos do ‘Dr. Frankenstein’ e, que depois, após uma fuga para as regiões desoladas do ártico mata o próprio cientista.”
    As maquinas que criamos, então, seria para muitos estudiosos uma espécie de Frankenstein, um monstro que criamos e que se volta contra nós. Para outros, nós colocamos as maquinas no mundo, elas adquirem vida própria, mas, com o tempo, não sabemos como a detê-las. De qualquer forma, seria impossível viver sem elas, como vimos no inicio algo nos sugere que elas e as demais ferramentas garantem nossa sobrevivência.

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  3. A primeira pessoa que se preocupou com os aparelhos, especialmente os autômatos e os robôs, que poderiam tanto prejudicar quanto ajudar a espécie humana, foi o filosofo francês René Descartes. Para ele, um robô jamais poderia fazer coisas que os humanos fazem:

    “Se houvessem essas maquinas que possuíssem órgãos e a imagem externa de um macaco, ou de qualquer outro animal irracional, não teríamos nenhum meio de reconhecer que não seriam da mesma natureza que esses animais, em compensação, se houvesse alguma que tivesse semelhança conosco e, imitasse nossas ações o tanto quanto é moralmente possível, teríamos sempre duas formas para reconhecer que elas não seriam, de forma alguma, verdadeiras homens. Elas jamais poderiam usar palavras ou outros signos, compondo-os, como fazemos nós para declarar nossos pensamentos. Não há homem por mais basal e estupido, que não seja capaz de reunir varias palavras e, com elas, compor um discurso de forma a se fazer compreender, além disso, mesmo que fizessem coisas tão bem quanto nós e, até melhor, elas falhariam em outras, razão pela qual descobriríamos que elas não agem por conhecimento, mas somente pela disposição de seus órgãos.”

    Descartes falava isso há 400 anos atrás, mas alguns o contestavam, por exemplo, outro pensador francês, Le Maitre, que dizia que o homem e os animais (só que este ultimo menos complexo) são uma maquina; e se, é apenas uma questão de complexidade, uma maquina pode superar o homem em complexidade, muitas já o superam; basta faze-la falar.

    No entanto, as coisas não são tão fácil assim. É o que veremos a seguir quando falarmos dos efeitos das técnicas sobre nós, da nossa transformação em maquinas, das técnicas atuais que faz-nos abrir mão de nossa humanidade e, transformar nosso corpo, cada vez mais, em um grande boneco com enxertos, próteses, peças, porcas e parafusos – será este o futuro da humanidade?...

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  4. “O homem, bicho da Terra tão pequeno
    chateia-se na Terra
    lugar de muita miséria e pouca diversão,
    faz um foguete, uma cápsula, um módulo
    toca para a Lua,
    desce cauteloso na Lua,
    pisa na Lua,
    planta bandeirola na Lua,
    experimenta a Lua,
    coloniza a Lua,
    civiliza a Lua
    humaniza a Lua.

    Lua humanizada: tão igual à Terra.
    O homem chateia-se na Lua.
    Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
    Elas obedecem, o homem desce em Marte
    pisa em Marte,
    experimenta,
    coloniza,
    civiliza,
    humaniza Marte com engenho e arte.

    Marte humanizado, que lugar quadrado.
    Vamos a outra parte?
    Claro — diz o engenho
    sofisticado e dócil.
    Vamos a Vênus.
    O homem põe o pé em Vênus,
    vê o visto — é isto?
    Idem,
    idem,
    idem.

    O homem funde a cuca se não for a Júpiter
    proclamar justiça junto com injustiça
    repetir a fossa,
    repetir o inquieto ,
    repetitório.

    Outros planetas restam para outras colônias.
    O espaço todo vira Terra-a-terra.
    O homem chega ao Sol ou dá uma volta
    só para tever?
    Não-vê que ele inventa
    roupa insiderável de viver no Sol.
    Põe o pé e:
    mas que chato é o Sol, falso touro
    espanhol domado.

    Restam outros sistemas fora
    do solar a colonizar.
    Ao acabarem todos
    só resta ao homem
    (estará equipado?)
    a dificílima dangerosíssima viagem
    de si a si mesmo:
    pôr o pé no chão
    do seu coração
    experimentar
    colonizar
    civilizar
    humanizar
    o homem
    descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
    a perene, insuspeitada alegria
    de conviver.”

    (POEMA: Carlos Drummond de Andrade - O Homem; As Viagens).

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  5. Até agora exploramos o passado.Passemos então para o presente e falar dos tempos atuais, da era digital, dos computadores, da internet como as novas maravilhas da civilização. Tempos também em que o homem resolve ver o seu corpo como uma maquina, que pode receber toda a sorte de peças, dispositivos, mecanismo e componentes. Todo o surgimento das novas técnicas trás as pessoas entusiasmos e euforia inicialmente e, só mais tarde acontecem às consequências e mudanças mais profundas. Nosso momento atual, começo do século 21 é, mais uma vez, o das grandes revoluções, mas pouco se vê ou se fala das qualidades das mudanças que estão sendo provocada.

    (MUSICA: Gilberto Gil - Cérebro Eletrônico
    http://www.vagalume.com.br/gilberto-gil/cerebro-eletronico.html)

    Afinal, quais as mudanças da sensibilidade? Do cotidiano? Dos relacionamentos das pessoas que esta trazendo a nova era tecnológica?

    O urbanista francês Paul Virilio, alinha alguns problemas com as maquinas e as tecnologias do presente:

    “Não a aquisição sem perda, com o fechamento do mundo, perdesse a noção de espaço. Quando se inventa um objeto técnico, por exemplo; com o elevador, perdesse a escada, quando se inauguram linhas aéreas trans-atrandidas, perdesse o navio mercantil, (...) a desvantagem maior é resultante da perda do corpo locomotor do passageiro, do telespectador e, desta terra firme, deste grande solo, desse terreno de aventura e identidade do ser no mundo. A equiparação do homem a maquina, talvez não venha da capacidade de as maquinas se desenvolverem para atingirem o mesmo estagio do homem, mas , ao contrario, vem do atrofiamento das capacidades humanas, até chegarem à imbecilidade das maquinas.”

    Alguma década antes dele, o pensador Paul Valéry, já apontava outras dificuldades com a nova era das técnicas:

    “A imensa transformação que vivemos e nos move ainda se desenvolve, ela acaba por alterar aquilo que existe dos costumes, ela articula de forma totalmente diferente, as necessidade e os meios de vida. A mais nova era, logo criara homens que não se vincularam ao passado, por nenhum habito de espirito. A historia lhes oferecera relatos estranhos, quase incompreensíveis, pois nada em sua época terá exemplo no passado, tão pouco algo do passado sobrevivera no presente. Tudo a quilo que não é fisiológico no homem terá mudado: as nossas ambições, nossas politicas, nossas guerras, nossos costumes, nossas artes estão submetidos a um regime de substituições muito rápidas.”

    Um critico fala que com as técnicas perdemos a noção de espaço, o enraizamento no solo, outro fala da velocidade que acompanha as novas tecnologias. Velocidade, a paixão dos novos tempos.

    (MUSICA: Lucio Dalla - Ayrton
    http://letras.terra.com.br/lucio-dalla/309719/traducao.html)

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  6. Dietmar Kamper, falava que o sonho de ser maquina é uma ilusão, pois segundo ele, as maquinas são tão mortais quanto às pessoas, além disso, por que as pessoas precisam buscar uma segunda realidade (“second life”), visto que a primeira já é ruim (?). Por fim, ele se pergunta, se existe algum mundo “além da mídia”, quer dizer, dos meios de comunicação, ou eles abrangem necessariamente tudo (?)... Algo deve sobreviver:

    “o século 21, será provavelmente o século desta descoberta; as perdas dominaram as aquisições, a perda do mundo próprio, a perda do corpo, deverá ser compensada - o que isso será insuportável para todos.

    (...) reencontrar o tato, o tocar dos pés, o tocar do alpinismo; a navegação são signos de outra divergência, de um retorno físico, a matéria, os signos de uma re-materalização do corpo e do mundo.”

    No entanto, não é só a percepção pode ser reconquistada, a comunicação também deve estar inclusa:

    “No momento em que todos se interrogam, com justeza, sobre a liberdade de expressão e, sobre o papel politico da mídia em nossa sociedade, parece desejar interrogar-se também sobre a liberdade de expressão do individuo e, a ameaça que pesa sobre essa liberdade na industrialização da visão e da audição.”

    O mundo possível “além da mídia” não é um mundo submerso, secreto ou escondido em terras distantes, como as comunidades dos decoradores de livros do filme “Fahrenheit 451” de Françua, que, buscava fazer sobreviver, num lugar distante a memoria cultural através da comunicação, numa civilização que buscava extermina-la.

    Esse mundo pode estar distante, do ponto de vista das fantasias circulantes, mas esta mais próxima das pessoas do que elas imaginam:

    “Uma quantidade de livros fala da superação do homem pela inteligência artificial e, pelas tecnologias de assistências, como se Frankenstein retorna-se. Não existe um além do homem. Neste plano, o homem é terminal, ele é o encerramento das maravilhas de Deus..., o homem não é o centro o mundo, ele é o fim do mundo. Não há homem melhorável, não há eugenismo da espécie humana, o fantasma de um além da terra deve ser liquidado, o fantasma do outro deve ser liquidado em proveito do anjo maquina”. (autor desconhecido)

    A escolha é nossa, podemos procurar um mundo além da virtualidade, dos aparelhos, da maquinização do homem, que esta aqui e agora, ou então, podemos transferir nosso próprio prazer aos peitinhos de silicone, as adegas genéricas, as vaginas e pênis plásticos transgênicos, a todos esses órgãos maquinas de que fala Gustavo Dumas, loucos por uma conexão, um funcionamento carentes de utilidade:

    “Seremos robôs de nós mesmos; frigidos e impessoais, mas felizes!. Teremos atingido nossos objetivos, batido nossas metas de vida. Embora programados para a eternidade, poderemos morrer, sim, não de infarto ou câncer, mas de pânico, tédio e vazio existencial, sem heroísmo algum em meio ao espetáculo cotidiano.” (Gustavo Dumas)

    Por Thiago L.
    KISSES IN THE HEART

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