domingo, 15 de maio de 2011

(Re)começar...


E como é difícil dar o primeiro passo, dizer a primeira palavra, aprender a olhar para novos caminhos, procurar outros horizontes, respirar novos ares.
Nessas horas parece que algo nos puxa para trás, fazendo retroceder nos pensamentos insistentes em permanecer. E o medo que nos cala, e as pernas que nos travam, os olhos que choram, o coração que dói. Um turbilhão em nossa mente.
Mas mudar é preciso!
Prosseguir sempre exige paciência, força de vontade, e também nos custa algumas lágrimas e inúmeras incertezas acerca do que encontraremos adiante.
Viver dói sim. Não saber viver dói mais ainda.
Acredito que todos sabem bem a hora de parar, de sair de cena e a hora de ficar. De se calar e de falar.
Também sabemos identificar quando erramos. Ninguém sai ileso dos próprios atos. A vida é um eco que volta para nós mesmos.
As noites mal-dormidas, a sede de estar bem, a tristeza de ter que partir. Tudo é indício de que precisamos da mudança. E quando falo em mudança não refiro a mudar de casa, de cidade, de lugar, mas na mudança de atitudes, revisão de pensamentos, "faxina de sentimentos".
Mudar é restaurar, é limpar, é lavar, é esquecer... E todos nós precisamos sacudir a poeira dos sentimentos que surgem em nós, e ficam muitas vezes ali parados, ocupando um espaço inútil.
E dar o primeiro passo nunca é fácil. Mudar no agora, às vezes é plantar para colher à longo prazo. O problema é que temos sede de resultados, não sabemos esperar. Nos desesperamos pelo agora, pensando no futuro, mas ainda nos afogamos no passado.
E os ares estão repletos de sujidades, a alma maculada, e as portas trancadas.
Ah, como é difícil essa nossa anamnese! Requer um esforço gigante para não sucumbir, para não retroceder.
Somos vítimas do medo, tal qual nos impede de locomover dentro de nós mesmos, por entre os nossos sentidos. E ficamos estacionados. Se não por isso, pela nossa comodidade desmedida.
É preciso recomeçar mesmo que haja uma resistência à dor.
É preciso descer do palco da alegria mentirosa, palco o qual nos vestimos de interlocutores.
É preciso despir-se do que ocupa um espaço apenas por ocupar, mas que na verdade não preenche, não soma, não agrega, não aviva.
Seremos ingênuos ou demasiadamente cômodos até quando?
Até que todo o tempo passe e se esgote, para acordarmos e ver que tudo o que vivemos estávamos presos apenas por um medo e um receio tremendos de arriscar?
Eu já pulei o muro da comodidade muitas vezes, e cheguei em jardins belos. No entanto, caí em muitos espinhos. Descobri que para chegar até as rosas é preciso se abster de muitas coisas, se desprender de tantas outras e eu não minto: Dói! Sempre dói muito mudar.
Já tomei a minha dose de ceticismo, que parece um veneno que percorre as minhas veias, atinge meu coração. Eu sei que preciso diminuir essa dose. Mas eu vou conseguir...
A vida é um aglomerado de estranhezas que vem nos visitar todos os dias. E a nossa crucial missão é distinguir o que é bom. E o que é bom vai depender de qual horizonte estamos mirando. Tudo vai depender do que se guarda bem dentro.
Uma coisa é certa... às vezes a angústia se arrasta atrás de mais angústia, e por isso o caminho da alegria parece inalcançável.
Em outras vezes a a alegria é tão intensa que torna-se cega à tristeza. E quando ela chega o mundo desaba.
Equilíbrio? Ahh... Quem sabe o segredo?
Ninguém sabe. Ninguém é equilibrado. Mas todos sentem os indícios.
Os indícios são como uma veia pulsante, você sente.
E é preciso caminhar, dar o primeiro passo dentre tantos.
Avistar alternativas.
É preciso acordar todo dia a nossa consciência e se perguntar: "É isso mesmo o que eu quero, e o que eu preciso?"...


(Naná)

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